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Desafios online: perigo para as crianças e adolescentes nas redes

Fantástico fez levantamento em que dez outros casos há suspeitas de desafios de internet que levaram a mortes nos últimos anos; só no ano passado, 1.067 operações articuladas com as polícias civis ajudaram a desarticular quadrilhas que circulavam vídeos e imagens de crianças e adolescentes. Mãe assume identidade da filha morta em desafio online e autor da brincadeira perigosa pergunta: "Você ainda está viva:?"

A história que chocou o país esta semana escancara um problema: os desafios online atingem cada vez mais crianças e adolescentes no país. Eles ferem, provocam traumas e podem ser fatais.

Foi há dez dias, em Ceilândia, Distrito Federal. Depois da escola, Sarah foi para a casa do avô.

"Quando foi umas 15:40, 15:45 ele me mandou uma mensagem desesperada, pede para o Cassinho vir aqui que Sarinha está passando mal", afirmou Maria Fabiana Pereira Brandão, mãe de Sarah.

Sarah morreu três dias depois no hospital.

" A gente só não sabe o vídeo que ela viu. Ela aguardou o momento de poder fazer, entendeu? E ficou com aquilo na cabeça, ficou na curiosidade e decidiu fazer naquele momento", relata a mãe.

A polícia investiga quais vídeos a menina viu e quem são os criadores deste conteúdo. O laudo deve sair ainda esta semana.

Outros casos

O caso da Sara é o mais recente, mas a equipe do Fantástico atualizou uma série de outros que aconteceram aqui no Brasil: outros dez casos de morte, nos últimos dez anos, em que havia suspeita de desafios na internet.

Na maioria deles, as investigações foram arquivadas por falta de provas. Terminaram como suicídio ou acidente doméstico. Em quatro casos, as crianças ou adolescentes sobreviveram. De novo, sem punição dos responsáveis pela autoria dos desafios.

Em 2022, uma mãe perdeu a filha de 15 anos.

"E ela é uma boa aluna, ela era uma excelente amiga, uma excelente filha. A gente enterrou ela num dia. No outro dia, eu entrei de madrugada, não fazia nem 24 horas que a gente tinha enterrado a Maitê. Eu entrei no jogo e eu perguntei: oi, tudo bem? E aí, ele falou: você está viva ainda? Ali eu entendi que a resposta que eu estava procurando, eu soube, que ele matou ela", relata a mãe

A mãe registrou boletim de ocorrência, mas o caso foi arquivado.

Esta semana, a polícia do Rio fez uma operação em sete estados atrás de um grupo que pratica crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. A lista inclui crimes de ódio, pornografia infantil e tentativa de homicídio.

Segundo o Ministério da Justiça, só no ano passado, 1.067 operações articuladas com as polícias civis ajudaram a desarticular quadrilhas que circulavam vídeos e imagens de crianças e adolescentes.

O Instituto DimiCuida foi fundado em 2014 - depois que o filho do Demetrio morreu no desafio do desmaio.

"Nunca tínhamos ouvido falar desse desse jogo e muito menos a ideia que o nosso filho pudesse praticar. Na criação do instituto, a gente faz muito claro o conhecer, compreender e prevenir, porque o desconhecimento dos adultos da existência da prática e o desconhecimento é que tem gerado esses acidentes muitas vezes fatais”, conta Demetrio Jereissati.

Em 11 anos, o instituto já listou 56 vítimas no Brasil. Os desafios na internet levam às práticas de sufocamento, autolesão ou agressão a outras pessoas.

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